quinta-feira, 27 de junho de 2013

Projeto Gibioteca

Promovido pela Secretaria Municipal de Educação
Turma 1°ano e 2°ano Silva Jardim
Professoras: Adriana e Jaqueline.

Parabéns Secretaria de Educação e toda sua equipe pelo maravilhoso trabalho de incentivo a leitura.





Quadrilha Maluca - Festa Junina 2013

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Projeto: Conhecendo Alfredo Wagner

Muitas vezes viajamos em busca e paisagens deslumbrantes, lugares ricos em história, com sabores irresistíveis e pessoas encantadoras. Buscamos romper fronteiras, tanto as territoriais quanto as do conhecimento, e temos a impressão de que só encontraremos isso a léguas e léguas de distância. Para quebrar esse tabu resolvemos mergulhar na história de nosso município e desvendar a Alfredo Wagner que ainda não conhecíamos.
Decidimos sentir o prazer de viajar pela nossa cidade, fazendo de cada saída de campo uma viagem pela cultura de nosso povo, pelas peculiaridades de nossa história e por nossas belezas naturais, aflorando assim o orgulho de ser Alfredense e despertando o desejo pelo conhecimento.

Viaje conosco, conheça Alfredo Wagner você também!



terça-feira, 4 de junho de 2013

História da Comunidade de Santa Bárbara

Para realizar o levantamento histórico da comunidade da Santa Bárbara contamos com a ajuda da Senhora Erondina de Souza Mariotti, que foi professora da comunidade durante 36 anos – iniciando no ano de 1956 . Dona Erondina tem como hobby escrever e tem um vasto acervo de “livros” – como ela chama os cadernos onde escreve as histórias – contando sobre sua vida, sobre religião e sobre sua querida comunidade a Santa Bárbara. Ela compartilhou conosco o caderno onde contava minuciosamente a história de sua comunidade, e você confere agora um apanhado geral dos pontos mais pertinentes da história.
Segundo Erondina, o primeiro morador de Santa Bárbara foi seu avô, Domingos Manoel Farias, que, em julho de 1917, saiu de Biguaçu rumo ao Barracão. Pelo caminho pegou carona em uma carreta e também andou no lombo de uma mula, cedida por um tropeiro, porém a maior parte do caminho ele fez a pé, cortando a mata - que em alguns pontos ainda era virgem. Domingos seguiu viagem até um barracão, um rancho feito de madeira bruta, coberto com folhas de coqueiros e capim. Ao chegar se informou sobre o local com dois moradores conhecidos do Barracão, senhor Conorato e senhor Dôia. Domingos tinha interesse em saber onde ficava o Campo dos Padres e se informou com os senhores. Seguindo as instruções, ele foi margeando o rio Caeté até certo ponto, depois tomando outro caminho até chegar em um chapadão. Ele foi abrindo a picada até chegar em uma lagoa natural, a qual ele deu o nome de Lagoa dos Bugres e escolheu o local para estabelecer residência. Retornou até Biguaçu e depois voltou com a família, contruindo sua casa próximo à lagoa.
Em 1920, Norberto Ventura chegou até a comunidade. Em 1921, o casal José Porcina e Manoel Amancio também se estabeleceu por lá e, no ano de 1925, chegou a família Cechetto, liderados pela matriarca, Dona Maria, que tinha como característica a religiosidade. Após ter perdido o marido de forma trágica – o homem caiu dentro de um tacho com água fervendo - ela revolveu deixar Orleans, e como tinha gostado muito das terras da região, resolveu comprá-las e se mudar com todos os filhos e um genro.
O tempo ia passando e a comunidade crescia a olhos vistos. Algumas das mais tradicionais famílias de Alfredo Wagner se estabeleceram, a princípio, na Santa Bárbara, como foi o caso de Mateus Mariotti e David Dorigon, patriarcas dessas fámilias. Além dessas, muitas outras famílias se estabeleceram em Santa Bárbara nesse início de colonização, entre elas os Stopassolli, Bombazar, Galvani, Heiderscheidt e os Schuster. A maioria dos colonos que na localidade se estabeleceram tinham origem Italiana.
A comunidade começou a se organizar. A religião sempre foi um ponto de união entre os moradores. Uma igrejinha foi construida. A madeira foi serrada a mão e construida pelo pessoal que ali morava. A primeira missa da comunidade foi celebrada na casa de Dona Maria Cechetto, no ano de 1926, pois a igreja ainda não estava pronta. A missa foi realizada por um padre chamado Gabriel, que atendia a capela de Bom Jesus, no Barracão.
No ano de 1927, a igreja ficou pronta e, devido à comunidade se situar em um local alto, o Padre Gabriel sugeriu que a Padroeira fosse Santa Bárbara. A comunidade é conhecida até hoje por esse nome. Nas missas, a família Cechetto cantava em Italiano e, sempre que a celebração acabava, o povo se reunia para dançar em frente à igreja, onde existiam algumas lajes de pedra. O local era chamado de Lajeado. A imagem para a igreja veio do Rio de Janeiro e demorou mais de dois anos para chegar até  a comunidade, chegando com as pontas dos dedos quebrados – essa imagem foi restaurada apenas no ano de 2003. Do Rio de Janeiro também veio um sino, para uma igreja que foi construída posteriormente. O sino foi gentilmente doado a igreja pelo senhor Bépi, personagem marcante da comunidade.
No ano de 1928 o primeiro engenho de mandioca foi construído na comunidade. O proprietário foi o pioneiro na colonização da região, senhor Domingos. Na época, a alimentação na localidade se baseava no milho, pão e polenta. Isso era o básico nas casas – herança da cultura italiana.
Na década de 30, algumas famílias negras chegaram à localidade. Essas famílias passaram a trabalhar como camaradas para os colonos que ali moravam e precisavam de mão de obra para fazer suas roças. Elas se estabeleceram às margens do Arroio do Leão. Quando ocorria alguma festa, existia um baile separado para os brancos na casa principal e música em um paiol para que os negros pudessem dançar. Brancos e negros não se misturavam em festas na antiga Santa Bárbara.
Foi na década de 30 também que a primeira estrada foi aberta até o Barracão. A estrada existe até hoje e passa pelo Arroio do Leão. Era usada para que os carros de boi pudessem passar, facilitando (possibilitando) a ida e vinda de mercadorias até o Barracão.
Entre os anos de 1934 e 1938, Santo Antônio andou solto pela jovem comunidade. Muitos casamentos ocorreram durante esses anos, inclusive o casamento dos pais de Dona Erondina. Naquela época, os casamentos ocorriam primeiramente no civil. Casar na igreja somente acontecia no batismo do primeiro filho. Nas bodas de casamento sempre acontecia uma grande festa, envolvendo toda a comunidade. Se a noiva já casasse “redondinha” – grávida – certamente seria motivo de falatório. O povo da Santa Bárbara sempre gostou de muita dança e sempre que tinha oportunidade se reunia para festejar. O  galpão onde as festas aconteciam era de chão batido e a poeira levantava à medida em que o pessoal  arrastava o pé. Nessas festas se tomava uma bebida chamada concertada, que era uma mistura de água, cachaça, açúcar grosso, folhas de louro, cravo e canela. Os ingredientes eram fervidos, coados e depois fervidos novamente. Somente alguns anos depois as bebidas engarrafadas passaram a serem consumidas, sendo elas fabricadas em Rancho Queimado, na fábrica do Leonardo Sell.
O povo da Santa Bárbara sempre foi um povo trabalhador. Na região, se plantava muito feijão, batatinha e milho. As mesas eram fartas e tudo era produzido nas propriedades.
A primeira escola foi construída no ano de 1945. A construção da escola era a realização de um sonho para muitos dos moradores. Alguns até pagavam a estadia dos filhos em casas de localidades com escola para que eles pudessem estudar. Quem não tinha condições permanecia analfabeto, embora conhecessem os números e soubessem fazer contas. Muitos homens se reuniram para levantar a escola.Os materiais foram adquiridos através de doações. A senhorita Maria de Loudes Schlemper foi a primeira professora, sendo matriculados 58 alunos logo no primeiro dia de aula. Até hoje ela é lembrada por ter sido uma boa professora.
Na cultura do povo da Santa Bábara existiam dois “eventos” bastante importantes e frequentes, além da festa em honra à padroeira, Santa Bárbara, que ocorria no dia 4 de Dezembro. Era a surpresa e o pichurum.
O pichurum acontecia quando os homens se reuniam e derrubavam uma capoeira ou faziam uma grande roça. Como pagamento, a pessoa que recebia os serviços deveria oferecer um baile, com gaiteiro e tudo mais. Vinha gente de outras comunidades pra ajudar, trabalhavam felizes esperando anoitecer para se divertirem. Muitos namoros começavam em bailes de pichurum. Na “surpresa”, convidavam toda a vizinhança em sigilo, quem iria receber a surpresa, como o próprio nome já sugere, não poderia saber.  No sábado, por volta das nove horas, todos chegavam em frente à casa e dois homens batiam na porta. Vinham abrir, e eles entravam no quarto, pegavam o dono da casa e traziam para a sala; abriam a porta, a gaita já tocava e a festa começava. Um porco gordo – ou galinhas - já era apanhado no chiqueiro, carneado e sua carne comida com pão, trazido pelos organizadores da surpresa. Dona Erondina, em seus relatos, conta que todos aguardavam ansiosos por pichuruns ou surpresas.
A energia elétrica só chegou até a comunidade no ano de 1982. Até então, tudo era feito com a ajuda de lampiões a querosene.
De 1992 a 1998, trinta e uma familias deixaram a comunidade e segundo, dona Erondina, por causa do plano Real que, a princípio, dificultou muito a vida dos pequenos agricultores.
Assim constituiu-se a comunidade de Santa Bárbara. Desde as primeiras machadadas de Domingos Farias, o pioneiro, passaram-se 96 anos. Apesar de ter sofrido com o êxodo rural, na década de 90, a localidade caminha firme, esbanjando agricultura pujante, povo simpático e trabalhador, destaque nos desportos – Santa Bárbara sempre teve exímios jogadores de futebol. A beleza cênica que circunda a vila é deslumbrante: de um lado, o Morro Redondo, com seu formato cônico; de outro, o esplendor da Serra Geral, representado pela Serra do Camelo e pela Serra dos Dorigon; ao norte, os vales do Arroio do Leão, Rio Caeté e, mais além, do caudaloso Rio Itajaí.
A comunidade é pacata. Seus membros passam a semana na lavoura e, nos fins de semana, divertem-se com partidas de futebol, tropeadas, bate-papo no boteco do Olíbio, vão a festas de igreja noutras comunidades... Certamente muito em breve Santa Bárbara será descoberta e apreciada por turistas, que certamente se fascinarão com as esplêndidas obras da natureza: cachoeiras, fojes, cavernas, montanhas, o frio do inverno...
E assim Santa Bárbara vive: orgulhosa de ser uma das regiões mais belas de Alfredo Wagner, dona de um rico passado, aproveitando o tempo presente e esperançosa no futuro.

Visita ao Distrito de Rio Engano


Antiga Igreja do Rio Engano
Conforme constatamos Rio Engano foi outra comunidade diretamente atingida pela construção da
Barragem. O transporte mais uma vez foi generosamente fornecido pela Secretaria Municipal da Educação e desta vez ainda ganhamos um bônus, Isaias, o motorista que viveu no Rio Engano toda sua infância e juventude. Nessa viagem ele foi o nosso guia.
Como de costume realizamos um resgate histórico da comunidade e para isso contamos com a valiosa ajuda de Juliano Wagner, um dos maiores conhecedores sobre a rica história de nosso município.
Guiados por Isaias fomos até o terreno onde ficava a igreja. Ainda é possível encontrar lá as pedras do fundamento da construção. Incrível como todos que

falam da antiga igreja sempre se referem a ela com muito carinho e saudosismo. Nosso guia Isaias voltou no tempo nos contando sobre as festas de igreja que havia frequentado quando criança. Os mortos foram retirados do antigo cemitério e enterrados novamente no novo cemitério. O próprio Isaias ajudou no deslocamento do corpo de seu pai quando houve essa mudança. Ele comenta que nem todos os mortos foram trocados de lugar, pois como esse serviço ficou a cargo dos familiares e muitos dos enterrados já não tinham mais parentes na região, estes, acabaram ficando ali mesmo. Hoje no local resta apenas um túmulo e alguns amontoados de entulhos, formados pelas antigas catacumbas.

Após o passeio mórbido  seguimos para a casa de Dona Cristina. Fomos recepcionados com um largo“É, de um mal eu me livrei. Sabem de qual? O mal de morrer jovem”. Espirituosa foi logo nos convidando para entrar e em casa ela nos concedeu um entrevista que pode ser conferida no link a seguir (entrevista com Dona Cristina)
sorriso em seu rosto. Professora Paula, Giovana – aluna responsável por essa comunidade – e eu, havíamos conhecido nossa anfitriã há algumas semanas, quando estávamos organizando o passeio e a visitamos para perguntar se ela receberia os alunos do Projeto Conhecendo Alfredo Wagner. Quando falamos que ela estava ainda mais forte do que da última vez que a tínhamos visto ela disse:
Já fora da casa que abriga tanta história fomos conhecer a propriedade. Nilton, seu filho nos mostrou como o engenho funciona, e nos convidou para uma nova visita na época em que ele estivesse moendo a cana, para fazer melado e açúcar. Mesmo sem cana Nilton colocou o cavalo para tocar a roda e nos mostrou como acontece o procedimento. A professora Ana Paula e o cavalo nos proporcionaram algumas cenas engraçadas, primeiro o animal a fez correr em círculos e depois demostrou todo seu amor por ela. Rsrsrs
Dona Cristina nos mostrou seus animais, a antiga atafona e suas plantas,
inclusive um pé de catuto, não conhecido por muitos. Para completar a visita ainda fomos convidados a comer algumas bolachas caseiras que ela havia feito especialmente para nossa turma. Uma delícia, que fez muitos relembrarem dos tempos de infância na casa de suas avós.

Despedimos-nos e seguimos até a cachoeira a cerca de 3 km de caminhada. Chegamos até uma belíssima queda d’agua, e às suas margens realizamos nosso piquenique. Conversamos sobre a origem da palavra (pique-nique) e gastamos nosso vocabulário francês, que não era formado por mais de 3 ou 4 frases, rimos bastante, terminamos
nossa refeição e fomos fazer nossa sessão de fotos. Todos ficaram impressionados com a beleza da cachoeira e também pelo relevo do local, mas tínhamos que “levantar acampamento” e ir até o ponto onde reencontraríamos nosso transporte e também nosso guia. Fomos caminhando, margeando o Rio, onde pudemos ver algumas casas que retratam bem o estilo do povo que colonizou a região, muitas em estilo enxaimel e outra que só precisavam ter um moinho de vento ao lado para que nos sentíssemos na Holanda. Foi uma caminhada bastante longa - regada a frutas colhida das árvores próximas da estrada - e observada atentamente por alguns moradores que se deparavam com nossa pequena comitiva, e não entendiam o que estávamos fazendo perdidos por aquelas bandas, a pé.


No caminho passamos por um local bastante conhecido pelos moradores daquela região. Em 1983 ocorreu um grande deslizamento de terra, soterrando casas, animais, máquinas agrícolas e mudando completamente a paisagem do local. Felizmente o acidente não deixou vitimas fatais, mas serviu para alertar sobre a força da natureza e que sempre devemos viver em harmonia com ela.
Quase chegando ao asfalto reencontramos nosso meio de transporte. Estávamos por conta de Isaias e ele nos surpreendeu com o roteiro proposto. Fomos conhecer o Passo da Limeira. O local é quase sempre lembrado por ser a localização da maior escola municipal de Alfredo Wagner, mas por lá encontramos bem mais do que isso. Primeiro paramos em uma pamonharia, um lugar com uma vista maravilhosa, com uma arquitetura rustica e com alguns objetos antigos expostos. Entre esses objetivos havia um dos principais meios de transporte de nosso município no século passado, a aranha, que também é conhecida como
charrete. Ouvimos falar muito nesse meio de transporte sempre que entrevistamos alguém mais idoso. Lá pudemos conhecer a aranha de perto e, além dela, a carroça ou carroção utilizada para todos os tipos de transportes na antiga Barracão.
De lá seguimos até uma pousada que também fica no Passo da Limeira e nos deparamos com um dos cenários mais lindos que já encontramos em nossas viagens de campo pelo município. Fomos guiados por Marco Antonio (filho dos donos da pousada), por uma trilha até a cachoeira da propriedade. A trilha exige muito preparo físico e tira nosso folego não
só pelo esforço, mas também pelas belas paisagens. Com a trilha sonora de John Towner Williams, no melhor estilo Indiana Jones, percorremos a trilha e ao chegamos até a cachoeira, o cenário era digno de algum filme de aventura. Uma imensa queda água, cercada por rochas que no passado serviam de abrigo para os índios. Espetacular. Quando o vento batia, algumas gotículas de água chegavam até nós, refrescando, revigorando e nos deixando completamente extasiados diante da beleza do lugar. Ficamos ali por alguns minutos, mas como sempre dependemos do relógio tivemos que voltar.
A volta foi um capitulo a parte, Marcos Gabriel, Giovana, professora Ana Paula e eu ficamos para trás, e constatamos que tanto o senso de orientação de Giovana ou o Laparcur de mata do Marcos Gabriel não são bons. Rimos muito e no final quase já não tínhamos mais forças para terminar o trajeto.
E assim concluímos nossa viagem “rio abaixo” conhecendo melhor as comunidades do Rio Engano e também do Passo da Limeira. Desfrutamos de suas belezas naturais e de sua história riquíssima. 

Entrevista com Cristina Huntemann Mess


Cristina Huntemann Mess, 80 anos, é muito bem humorada e é a proprietária de uma jóia incrustada no meio de todo o verde da região do Rio Engano.
Filha de imigrantes holandeses (Van Bommel) e Alemães (Huntemann) ela vive em um casarão com mais de um século de existência. A casa foi erguida por seu pai, que veio de Santo Amaro em busca de uma região menos quente para viver. A fazenda além da imponente casa, no mais alto estilo enxaimel, em alvenaria e com um amplo sótão, ainda tinha uma atafona usada para produzir farinha de milho e um engenho para
produzir melado e açúcar. O engenho ainda funciona e o visitamos, guiados por Nilton, seu filho. 
Dona Cristina nos falou sobre seu tempo de escola, recordando com saudade da professora Iracema Garcia Cardoso, carinhosamente chamada de Santinha por seus alunos. A escola era a única da região naquela época – décadas de 20 e 30 – e atendia a alunos de toda a redondeza – Limeira, Chapadão, Invernadinha, etc – e ficava em uma casa que também foi destruída em consequência da construção da barragem de Ituporanga: “A escola ficava próximo a igreja e quando tínhamos que fazer nossas necessidades tínhamos que ir até a encosta do rio pois na escola na tínhamos banheiro”; diz Dona
Cristina lembrando das dificuldades encontradas naquela época para estudar. Além disso ela tinha que percorrer um caminhão de mais de 4 km de ida e de mais 4 km de volta todos os dias, trajeto este muitas vezes feito no lombo de um cavalo.
Dona Cristina nos mostrou uma foto com mais de sete décadas de existência, do ano de 1936, em que está retratada sua saudosa turma de aula, a professora Santinha e a antiga escola. Cheia de emoção recordou o nome de muitos de seus colegas e relembrou o grande respeito que todos os alunos tinham pela professora: “Ela batia com a régua na mesa e todo mundo já ficava quietinho, ela nunca precisou usar a régua em ninguém, mas tinha permissão de nossos pais para fazer uso, se fosse preciso”.

Conhecemos uma lousa, usada pelos irmãos mais velhos de Dona Cristina na escola: “Antes não existia papel pra usar na escola, eles usavam essa lousa, copiavam, resolviam, a professora corrigia e eles apagavam para poder usar novamente.” Como ela não chegou a usar a lousa nos mostrou o que usava para escrever, uma caneta tinteiro, que era manuseada com muito gosto. Ela nos contou sobre o quanto gostava de nas aulas de português aprender a escrever cartas.

Além da impressionante arquitetura da casa, no interior dela ainda encontramos dezenas de utensílios antiguíssimos, conservados com o maior zelo por sua cuidadosa dona, que chamam a atenção não apenas por sua beleza, mas também pela origem. Entre esses objetivos há um relógio de parede - daqueles que funcionam a corda - que foi produzidos no ano de 1878 em New York, um quadro com a frase “Unser taglich Brot, Gib Uns Heute” - Nosso pão de cada dia, dá-nos hoje, traduzido por nossa anfitriã, que aprendeu a falar fluentemente alemão com seus pais - ou um recipiente utilizado para armazenar água, trazido da Holanda por seus avós com a seguinte frase escrita – “Wynandfockink Amsterdam” – Alguém sabe o que significa?  Além disso, ainda existem diversas outras antiguidades na casa, como por exemplo: um berço de madeira onde todos os irmãos de Dona Cristina, ela e também todos os seus filhos dormiram quando bebês e o um sótão repleto de louças e móveis antigos.


Apesar de todas as dificuldades que Dona Cristina enfrentou ao longo da vida, tendo ficado viúva aos 40“Somos igual a uma máquina, se a gente ficar parado enferrujamos”.
anos e com 8 filhos em casa para criar, ela permanece uma fortaleza, esbanjando energia e bom humos: Entre fotos, boas risadas e muitas histórias, concluímos nossa visita até a propriedade de Dona Cristina, mas não sem antes provarmos de uma deliciosa bolacha caseira, feita especialmente para ser servida para nós.
Foi maravilhoso conhecer essa mulher, forte, dinâmica e plenamente consciente de que um povo sem passado não tem futuro, que toma como base as experiências que já presenciou para construir um amanhã melhor, que transformou os seus 80 anos em sabedoria e vive uma vida simples, recheada de boas lembranças e cheia de amor. 

Levantamento Histórico Rio Engano

O distrito de Rio Engano está situado no extremo norte do município de Alfredo Wagner. Sua economia é essencialmente agrícola, predominando o cultivo do fumo e da cebola. 
Rio Engano foi colonizado em fins do século XIX, por famílias oriundas do litoral catarinense ou da colônia Santa Isabel, hoje Águas Mornas. 
As famílias vindas do litoral foram os Luz, os Silva – lembrando que há na localidade três clãs Silva, não sendo parentes entre si – os Mello, os Muniz e os Chaves. 
Da Colônia Sta. Isabel e adjacências vieram imigrantes holandeses, como os Hoegen e os Van Bömmel, e alemães, como os Hüntemann, Mees, Klöppel, Küster, Mannrich, Heller, Schlichting, Thiesen, entre outros. 
O linguajar falado em Rio Engano é bastante distinto: percebe-se claramente a pronúncia chiada em algumas palavras (Francisco é dito Francichco). Atribui-se essa peculiaridade à origem litorânea de algumas famílias. 
Há duas teorias para a origem do topônimo: a primeira – a mais plausível e aceita – diz que alguns colonizadores, vindos da região de Blumenau para se instalarem no vale do Rio Jararaca, enganaram-se e permaneceram no vale do Rio Engano, realmente com geografia deveras semelhante. A segunda versão fala que o rio, com tantas e tão acentuadas curvas, causa “engano” a quem o observa... em certos lugares, ele corre em direção ao leste, ou seja, ao mesmo lado onde nasce. 
Rio Engano tornou-se distrito em 23/09/2004, através de decreto sancionado pelo então prefeito Sérgio Biasi Silvestri.

Por: Juliano Norberto Wagner

Foto: Renato Rizzaro

Entrevista com Julita Andersen Hinckel


Conversando com Julita Andersen Hinckel conhecemos um pouco sobre como era a vida na antiga comunidade da Barra da Jararaca, hoje Arnópolis. Ela falou sobre as dificuldades, mas também relembrou com saudades da época em que nos finais de semana todos se reuniam para torneios de peteca.
Dona Julita nasceu na Barra da Jararaca e tem uma árvore genealógica bastante miscigenada: “Meu avô materno veio da Itália, a avó materna da Argentina, apenas minhas avó paterna nasceu no Brasil, pois meu avô paterno veio da Dinamarca”. Foi em meio a essa diversidade de culturas que ela cresceu. Conta que sempre foi uma aluna dedicada e que após terminar a quarta série – só existia ensino primário na região naquele tempo – ela chorou muito e então dona Petrônia, sua madrinha e professora na época a deixou continuar frequentando as aulas como ajudante, e isso fez até os 14 anos.
Falou também como era a comunidade, ressaltou a beleza da pracinha e nos disse que na vila havia mais de trinta casas. Ela nos conta que para vir da Barra da Jararaca até o Barracão eram necessárias 3 horas para vir e outras 3 horas para voltar: “Para vir até o Barracão ia um dia”; Geralmente realizavam o trajeto com suas charretes ou aranhas, quando chegavam até o Barracão os cavalos eram soltos para descansar em um pasto que ficava ao lado do colégio.
Todas as roupas eram lavadas no rio. Como sua mãe era proprietária de um dormitório (hospedaria) todos os dias as irmãs e ela tinham muitas roupas de cama para lavar, em sua maioria brancas. Elas precisavam levar até mesmo um tacho para ferver as roupas para as deixar branquinhas: “As roupas eram lavadas no rio, naquela época não existia máquina de lavar, nem luz a gente tinha”.
Não havia muitas formas de lazer naquele tempo. Segundo Julita, além das domingueiras, nos finais de semana as crianças e os jovens se reuniam para jogar peteca: “a gente fazia até torneio”. As famílias se distraíam com os rádios e com as vitrolas, que funcionavam a pilhas.
Um dos lugares mais importantes da Barra da Jararaca era uma casa imponente de dois andares onde funcionava a Colonizadora Catarinense S.A: “Lá existia até telefone”.
O primeiro morador a possuir um automóvel foi um dos funcionários da Colonizadora e o veículo motorizado chamava a atenção de todos.
“Meu pai ficou doente quando teve que deixar suas terras”. E isso foi o mesmo que aconteceu com muitos de seus vizinhos, principalmente os que já tinham mais idade. “Era muito difícil para eles aceitarem que seriam obrigados a partir”. Embora a indenização fosse paga, mesmo os que não quisessem aceitar teriam que sair, pois em pouco tempo todo o local seria tomado pelas águas da barragem. Os valores pagos pelas terras segundo a antiga moradora não era o valor de mercado e sim, bem inferior: “Se pagava uma micharia”; Além de terem que deixar suas terras os moradores ainda se sentiam lesados, pois estavam entregando suas posses a preço de banana.

Dona Julita sente muitas saudades das alegrias que viveu naquele lugar, porém ressalta que a vida era muito difícil e lamenta não ter tido a oportunidade de estudar e fazer uma faculdade. Para completar seus estudos, seu filho mais velho, nascido e crescido na comunidade, precisava ir diariamente até o centro do Barracão de ônibus. O transporte sempre foi pago com os próprios recursos: “Hoje em dia é tudo muito mais fácil, o transporte passa na frente das casas, vocês devem aproveitar”.


Os relatos de Dona Julita e suas fotos nos deram uma maior noção sobre aquela importante e desenvolvida comunidade que já deixou de existir há décadas, mas que ainda continua viva na memória de seus antigos moradores.

Resgaste histórico Arnópolis - Barra da Jararaca


Arnópolis localiza-se ao norte do município de Alfredo Wagner. Hoje é uma pequena comunidade; diferente do importante e promissor distrito que já foi em tempos de outrora. No lugar existiam muitas casas, cartório, mercado, clube, bares, uma bonita pracinha e desde a década de 20 a comunidade da Barra da Jararaca contava com serviço telefônico... era também onde ficava a Sociedade Colonizadora Catarinense S.A, criada em 1917 tendo como beneficiários o Coronel Carlos Napoleão Poeta e José Domingos Pagioli. Hoje o local simplesmente desapareceu mas ainda está na memória de muitos Alfredenses.

Segundo relatos os moradores mais antigos desta comunidade foram: Benjamim Frederico Andersen, Alberto Probst e Villy Schwmacher.
O principal motivo da decadência de Arnópolis foi a construção da barragem de Ituporanga. Os moradores tiveram que se retirar de suas terras e foram indenizados por isso. Este processo iniciou-se em 1968 e perdurou até 1978.
A barragem foi criada para tentar deter ou diminuir as inundações frequentes no Vale do Itajaí. As famílias de Arnópolis foram afetadas diretamente e suas terras tomadas pela água. Nessa época, a população de Alfredo Wagner era de cerca de 12 mil habitantes e deve-se à construção da Barragem, um declínio considerável nesta população. As pessoas da região afetada migraram principalmente para a região de Blumenau, Rio do Sul e Alfredo Wagner. Famílias como os Andersen, Hinckel, Schmitz, Mazzini  e os Silva se mudaram para o centro nessa época.


Um fato Irônico... Se indenizavam até árvores frutíferas das propriedades rurais, e como era uma quantia boa em dinheiro por árvore os proprietários ao serem indenizados arrancavam as árvores e plantavam novamente nos terrenos que ainda não haviam recebido indenização com o intuito de ganhar mais uma vez com aquela mesma planta.´


(OBS: As fotos pertencem respectivamente ao arquivo pessoas de Julita Andersen Hickel (primeira e segunda foto), Naudir Antônio Schmitz e Liberato Mazzini)


Vista do local onde ficava Arnópolis - Foto: Suzanne Werlich Schmitz 

Vista do local onde ficava Arnópolis - Foto: Suzanne Werlich Schmitz 







Visita a Reserva Rio das Furnas


No dia 15 de abril nosso destino foi a Reserva Rio das Furnas. A Reserva está inserida emum canyon no Alto da Boa Vista, em Alfredo Wagner. Faz parte do divisor de águas mais importante do estado de Santa Catarina, área de tangência entre as bacias dos rios Tijucas, Cubatão, Tubarão e Itajai-açu.
Fomos recebidos pelos proprietários da Reserva Particular do Patrimônio Natura (RPPN), Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka. Nos sentimos como se estivéssemos em um refúgio, uma área em que a natureza se renova e nos mostra toda sua exuberância.
A reserva fica na comunidade de São Leonardo. Fomos até lá de
transporte escolar, generosamente cedido pela Secretaria Municipal de Educação, assim como em todas as outras viagens do projeto. Deixamos o veículo na ultima casa da comunidade e seguimos a pé. Foram 3 km de uma extenuante caminhada em meio a uma mata que à medida que avançávamos podíamos perceber seu renascimento.  
Renato nos encontrou logo na entrada da Reserva, andamos mais alguns metros e logo já avistamos a casa centenária. Construída a partir da madeira de três araucárias cortadas a mão e trazidas até o fundo da escarpa no lombo de mulas, a casa foi erguida por um dos antigos donos das terras, o senhor Orlando Althoff. Lá renovamos nossas energias com a água incrivelmente fresca da Reserva.

Foto: Renato Rizzato
Tivemos uma proveitosa conversa com os proprietários que nos contaram um pouco sobre a paixão pela vida simples, o contato com a natureza e sobre suas continuas formações. Quando eles compraram a reserva, boa parte dela era pastagem para o gado. O trabalho de regeneração já dura 13 anos, tempo que o casal se dedica a Reserva, e, apesar de ser um tempo geológico relativamente pequeno, os sinais dessa maior atenção e  desse maior cuidado dados à natureza já é visível.
Foto: Renato Rizzaro
Na local existem 7 cachoeiras e 237 espécies de aves já identificadas, além de contar com diversas espécies de mamíferos já fotografados por um sistema de câmeras, que fotografa por meio de sensores de movimento. Entre os animais que já posaram para as fotos está até mesmo um Puma concolor. No relato sobre a viagem até a comunidade de São Leonardo falamos sobre os frequentes ataques que o rebanho de ovelhas da Fazenda São Leonardo sofria pelos pumas.

Gabriela nos alertou de que pumas também conhecidos como leões-baios ou suçuaranas, necessitam de uma grande área para sobreviver. Os ataques acontecem devido a crescente destruição dos habitats e, consequentemente, da diminuição da disponibilidade de alimentos. É por isso que às vezes os pumas atacam pequenos animais domésticos como ovelhas e bezerros e, são frequentemente perseguidos por fazendeiros, situação essa em que o proprietário da Fazenda São Leonardo não se enquadra. Ainda assim é comum ouvirmos histórias e até mesmo vermos fotos de “leões” mortos por fazendeiros aqui em nosso município, principalmente na Serra da Santa Bárbara e na Região do Campo dos Padres.
Foto: Renato Rizzaro

Após a conversa fomos convidados para uma agradável caminhada pelo bosque, porém nosso tempo era demasiadamente curto e estávamos atrasados. Apesar disso ainda pudemos conhecer um pouco mais sobre a vegetação da Reserva. Vimos uma árvore de imbuia e Renato nos convidou a ficar em circulo, nos fazendo imaginar como aquela árvore se tornará imponente daqui a centenas de anos e isso nos faz refletir em como a natureza é algo tão forte e frágil ao mesmo tempo.

Na volta paramos em frente à casa para a nossa já tradicional foto do passeio. Os alunos estavam encantados, assim como os professores e não queriam vir embora, pediram para os professores para ficar e comer apenas o pequeno lanche que tinham levado, apenas para poder desfrutar por mais algum tempo daquele belo lugar, mas infelizmente  tínhamos que voltar para a escola.

Antes de realizar o passeio tínhamos assistido o programa especial sobre a Reserva Ecológica Rio das Furnas do Terra da Gente e a frase que havia nos chamado atenção “Produzimos sombra e água fresca” se mostrou verdadeira.
Produzindo sombra e água fresca eles resgataram um verdadeiro paraíso dentro de nossa cidade, aquele é um lugar que é um retrato de nossa Alfredo Wagner; belas paisagens, relevo e biodiversidade riquíssimos...

Para saber mais sobre a Reserva acesse: http://www.riodasfurnas.org.br/
                                                                  http://www.youtube.com/user/riodasfurnas