quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Rancho Queimado - Boa Vista

Um pouco de história...
Essa região, nas encostas da Serra Geral e no extremo da grande Florianópolis, era conhecida na origem por “picada de Alferes” quando o alferes Antônio José da Costa abriu a primeira picada em 1787, criando um caminho entre a serra e o litoral. Após abrir a picada e denominar algumas localidades encontradas durante seu percurso, como “Campo da Boa Vista”, começaram os trabalhos para a construção de uma estrada para facilitar o transporte de tropas de gado e comércio entre o planalto serrano e o litoral.
Em 1847 foi criada a colônia de Santa Isabel, com a chegada de imigrantes vindos da Europa, principalmente alemães (mas também alguns colonos russos, ingleses, holandeses, franceses...) iniciou-se então a colonização destas encostas de topografia acidentada e de difícil acesso, até então refúgio natural dos índios Xokleng.
As linhas coloniais eram pequenos núcleos de colonização, variando de 50 a 200 pessoas. Em 1862 essa colônia foi ampliada com a chegada de novos imigrantes e novas linhas foram colonizadas, entre elas o local onde hoje se localiza o centro de Rancho Queimado, que servia até então de ponto de parada para os tropeiros e cargueiros. Nessa localidade, comercializavam produtos e pernoitavam, abrigando-se em um rancho que, um dia, por possível descuido de um dos seus hóspedes, veio a incendiar-se, motivo pelo qual passaram a se referir à região como Rancho Queimado.
O patrimônio cultural do município mostra-se rico através de sua história, arquitetura, gastronomia e folclore além de suas belezas naturais, cercado por montes, planícies, rios, cachoeiras, florestas e por suas fauna e flora.
Nosso destino em Rancho Queimado era a Serra da Boa Vista.
Boa Vista é a localidade mais alta do município, situa-se há cerca de 1.250 metros de altitude. Seu nome original era “Campo da Boa Vista”.
A vista sobre a serra é deslumbrante e alcança vários outros municípios, entre eles Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Bom Retiro, Urubici, e etc. Rica em água, é ali que se localizam nascentes de três importante rios: o Rio Itajaí, o Rio Tijucas e o Rio Tubarão.
No alto da serra nota-se a presença de taipas construídas pelos escravos com pedras "basalto", elas não ultrapassam um metro de altura e foram criadas para demarcar caminhos e evitar a dispersão das tropas.
No tempo dos tropeiros, as tropas de gado vindas de são Joaquim ou Vacaria eram “encostadas” na Boa Vista, às vezes por três ou quatro meses, até serem vendidas em Taquaras em época de abate, nos dias de festas, como a páscoa ou final de ano.
O acesso ao platô da Boa Vista se faz perto do marco da BR 282 e foi lá que nossa aula começou. O professor Reginaldo levou os alunos dos 6ºs anos da Escola de Educação Básica Silva Jardim, para uma aula diferença, falando sobre a geografia física.
Algumas características geográficas da região:
O local sofre a ação dos ventos úmidos vindos do oceano, exercendo influência sobre o clima (na formação e direção dos ventos, chuvas e tempestades), sobre o relevo, o solo, a hidrografia (na formação e manutenção de nascentes) sobre a vegetação do local. Além disso, essa região possui potencial de geração de Energia Eólica e na economia é área rica em minérios, porém sua exploração destruiria os outros recursos, e estaríamos propensos a desastres como os que ocorreram recentemente em Minas Gerais. Atualmente é nessa área que estão as antenas de telecomunicação da região.
      A geologia do terreno é formada por rochas que surgiram com o movimento das placas tectônicas e com o derrame basáltico há cerca de 130 milhões de anos que deram origem ao Gondwana. Isso pode ser verificado pelos paredões de basalto encontrados na margem direita da BR 282 no sentido litoral.
Essa região é divisora de águas de Santa Catarina e nela há as nascentes da Bacia do Rio Tijucas e de afluentes do Rio Itajaí, ambos desaguam na vertente atlântica.
O clima da região é temperado, com chuvas regulares e estações relativamente bem definidas: o inverno é normalmente frio com a presença de temperaturas negativas, geadas frequentes e até neve, e o verão razoavelmente quente. As médias térmicas ficam em torno dos 17º C.
O relevo é basicamente formado por planaltos desgastados pela erosão e pelo intemperismo e o solo extremamente raso e lixiviado (erodido).
A vegetação compreende os domínios da Mata Atlântica sendo caracterizada por grande variedade de espécies de árvores, bromélias, orquídeas, cipós e taquaras. Essa se estabelece nas formas de: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta sazonal semidecídua, Campos e Mata Nebular.
No platô venta muito e nota-se alguns graus de diferença se comparado com a temperatura de nossa primeira parada na BR 282, na base do morro.
Todas essas características foram abordadas pelo professor e à medida que o mesmo ia falando, os alunos podiam verificar, na paisagem que os cercava, cada um dos conceitos.
Fizemos um lanche no alto da serra e depois das explicações pudemos apreciar as belezas do local para depois retornar à escola.
Décadas atrás, grandes rodeios eram realizados no alto da serra e existia uma espécie de vila com vários chalés, porém hoje podemos ver apenas alguns vestígios da existência dessas casas e apenas um chalé remanescente, que é visto imponente no alto da serra por quem passa pela BR 282.
Fomos brindados por um dia lindo e vale a pena conferir as belas imagens capturadas por nossas câmeras.



Curiosidade: presença de plantas “carnívoras” no solo raso onde se pisa. São de cores vermelhas e de tamanho de uma unha. É imensurável o aspecto de equilíbrio ambiental que ela exerce. Hoje se tornou rara no ambiente natural do Brasil, mas quem caminha próximo as encostas íngremes, presentes na Boa Vista, ficará maravilhado também, com as pequenas orquídeas de tom avermelhado. São de uma presença graciosa sobre os arbustos retorcidos. Porém, tudo isso poderia ser perdido para sempre diante de queimadas para a renovação das pastagens ou minerações indiscriminadas na região.










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